Processos de ser: Dicotomia entre persona e autor

Música nos ouvidos, as palavras apresentam uma vontade inexorável de correr. Nestes dias dei por mim a reflectir um pouco sobre o meu lado criativo mais ligado à escrita ao observar e reler alguns dos novos textos de prosa poética da minha autoria. Estes últimos, todos inéditos (não os que podem ver nesta publicação), acabaram por me mostrar alguns pormenores mais ou menos óbvios em conjunto com outros trabalhos que tenho realizado ou escrito ao longo do tempo.

O acto de escrever, o estado de transe, a métrica, o pulsar, a sensibilidade, o ritmo das palavras e frases. A personalidade que reside na obra é como se fosse proveniente, várias vezes, de um universo paralelo.
Certamente, muitos de nós quando lemos, ouvimos ou vemos uma entrevista de alguém que conhecemos de um livro, música, pintura (inserir o que se quiser), já nos interrogámos sobre quem seria aquela pessoa por nos parecer tão diferente das obras. O escritor António Lobo Antunes poderá ser um bom exemplo disto.


O acto de escrever, o estado de transe, a métrica, o pulsar, a sensibilidade, o ritmo das palavras e frases. A personalidade que reside na obra é como se fosse proveniente, várias vezes, de um universo paralelo. E é isto que acabei por sentir à medida que organizava alguns textos em comparação com a maneira como escrevo normalmente na Internet, como falo ou comunico em geral. Uma diferença substancial que tende a confundir se não existir a separação necessária entre persona e autor, como também pode causar distúrbios no acesso último à produção criativa ou até à própria edição de algum trabalho devido à necessidade, quase obrigatória, de existir uma base anterior de comunicação, seja ela ao vivo ou por escrito, salvo raras excepções ou quando já subsiste um conhecimento prévio dos autores. A pessoa é a mesma, mas com claras diferenças no que habita a sua cabeça e íntimo.